MANSIDÃO

(Lena Ferreira)

E foste

alimentando a tola urgência

com doses pequeninas de silêncio

carinhos breves, temperados à leve brisa

que passava a passos largos pela vida

Ela, ansiosa por essência,

em desespero quase se morreu!

- arrancou a pele, clamou mil apelos

...de tudo tentou!

...de nada adiantou!-

Em atraso, vinha a calma nos seus dias...

euforia; escandalosa semi-rouca e rubra,

grasnava "eu te amo" pelos ventos

desencantos surda a calma - não lhe ouvia!

E foste...

crueldade, pobrezinha...

- minguou, murchou, morreu de inanição!

E a alma, farta e gorda e sorridente

finalmente respirava mansidão.