OS VERSOS QUE TE ENTREGO...

Sempre quiseste meus versos...

Nunca os dei. Porém, dentro do peito impressos

foram sempre meus fiéis companheiros!

Amigos inseparáveis desta solidão imensa,

que rasga as entranhas desta alma tensa,

prenhe de sonhos aventureiros!

Como são fraternos os meus poemas!

Nunca percebi... Entretanto, estes temas

vem de dentro de um sofrido coração!

Falam por mim deste amor imaculado,

que guardo ainda no peito enclausurado,

como guarda uma estrela a negra imensidão!

Falam por mim estas rimas sonoras...

Cantam, choram, riem... Quantas histórias,

desfolhadas no livro das amarguras!

Meu outono já surge intolerável,

mais tarde virá o inverno inexorável

amortalhando as derradeiras desventuras!

Portanto que poderia dizer neste dia sem vida,

quando a natureza derramando lágrimas de dor incontida,

parece entender meu eterno sofrimento?

Talvez dizer que te amo,

que sofro, blasfemo e reclamo

na solidão do negro arrependimento!

Não. Não poderia te dizer nada...

Pois penso no que foste em minha estrada:

Uma alma frágil que mãos tolas esmagaram num lamento!

Por isso clamo aos céus nos brados de quem sofre,

p!ra que adormeças no berço de meu pensamento,

qual jóia rara no escaninho de um cofre!

Nelson de Medeiros
Enviado por Nelson de Medeiros em 02/12/2006
Código do texto: T307211
Copyright © 2006. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.