PÉTALAS E LOUCURA

As trancas desse calabouço já selaram meu destino

Voltei a ser menino e estou brincando nas veredas da ilusão

Confuso em meio à sensação que me divide entre a sensatez e o desatino

Na vastidão em que agora me confino, no ouro fino dessa mísera paixão!

Em vez de ser quem sou ou quem eu fui, tornei-me qual desfigurado

Talvez um crime contra si mesmo flagrado e solenemente punido

Constatadamente perdido exatamente por haver me achado

Gravemente curado pela sina de um legado que me tem adoecido!

Eis-me assim, a rendição heróica de uma íntima paz guerreira

O além-fronteira de tudo quanto seja os aquéns dos infinitos

Guardião dos próprios gritos que se calam numa vida inteira

Que colhe seu azeite da videira plantada junto aos rios mais aflitos!

Serenamente louco e furiosamente apaixonado

Por todos os ventos levado, seguindo os rastros de tua chama

Um desprezível poeta que declama seu tema igualmente desprezado

Sem ser ouvido ou ser notado, mas massacrado pelas pétalas que ama!

*************************************************

Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 08/07/2011
Reeditado em 30/07/2011
Código do texto: T3082707
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.