Penúltimo Desejo

Me avisem quando eu morrer
Que é certo não saberei
Mas dessa água beberei
Isto já pude aprender
Ao me ensinarem a nascer
Quando bebi o colostro
-Sangre com Leche mesclaita-
E percebi na voz da gaita
E no calor do meu rosto
Que a vida era um agosto
De frio e de chuvarada

Tenebroso pros tamancos
No desandar dos barrancos
Que calçam de barro a estrada
E pesam mais as passadas
Quanto mais pressa se tem

Mas, eu descobri, também,
Que a distância é um elástico
E que o tempo é também plástico
Assim como os porvires
Que servem os sonhos num pires
Quando o agora é enganado

E o Poeta embriagado
Pela penúltima estrela
Não se mata só pra vê-la
Nascer nos seus olhos cegos
Quando se extinguirem os egos

E os dias se iluminarem
Pelo sol da escuridão

Os tatos não enxergarem

E a Alma for a visão...
Aldo Urruth
Enviado por Aldo Urruth em 09/07/2011
Reeditado em 10/06/2015
Código do texto: T3084814
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