VERÃO - AMOR NU
a primavera insistia, morava sonho bom
eu esperava vestido dia após dia
cerzia clichês, diverso e breve
feliz nos azuis o eterno amor
mas chega o verão
na pele do lobo o lobo do homem
e despe pudores, revela estrias
feridas novas de quedas antigas
inocência violada é lágrima retinta
o tempo ecoa sarcasmo
a ninguém pertence culpa
é do verão a natureza despir
a alma mais de uma vez tida
prossegue ao destino a ironia
e perambula maltrapilho
o amor revestido de ais
de palavras novas, velhas e malditas
só ao espelho confessa sem poder revestir-se
da pele do cordeiro despido
é novilho no abate, é pio metrificado - rascunho
no oco frio do inverno assenta no poema um til
ao lembrar da sina de coser remendo novo
em trapo de velho tecido
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BALTAZAR