VERÃO - AMOR NU

a primavera insistia, morava sonho bom

eu esperava vestido dia após dia

cerzia clichês, diverso e breve

feliz nos azuis o eterno amor

mas chega o verão

na pele do lobo o lobo do homem

e despe pudores, revela estrias

feridas novas de quedas antigas

inocência violada é lágrima retinta

o tempo ecoa sarcasmo

a ninguém pertence culpa

é do verão a natureza despir

a alma mais de uma vez tida

prossegue ao destino a ironia

e perambula maltrapilho

o amor revestido de ais

de palavras novas, velhas e malditas

só ao espelho confessa sem poder revestir-se

da pele do cordeiro despido

é novilho no abate, é pio metrificado - rascunho

no oco frio do inverno assenta no poema um til

ao lembrar da sina de coser remendo novo

em trapo de velho tecido

*

*

BALTAZAR

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 15/07/2011
Reeditado em 12/09/2017
Código do texto: T3097320
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.