Beijo na testa
Óculos e sardas
Com seu complexo de boneca desconfiada
esfrega seu corpo desnudo
Contra o linho branco e mudo do seu travesseiro.
Invisível entre a multidão
Condenada a ser decente, segundo a fama.
No seu pescoço leva pendurado
Os que nunca a convidaram pra sua cama.
Quando agoniza a festa
todos encontram pares
Menos Lua
Que se vai sem ser beijada
A dormir como todas as noites sozinha
E uma lágrima salgada
Com sabor a marmelada de ternura
Molha o solo de sua alcova
Onde um espelho lhe rouba a formosura.
Ninguém sabe como a boca lhe queima
Tantos beijos que não a dado
Tem o coração tão aberto e tão oxidado.
Olhos luxuriosos de homens
Que no ultimo trem olham e desejam
Nunca olham no decote das feias.
Beijos na testa, beijos na testa lhe dão
Beijos na testa, ninguém quer ir além.
Eu quis provar
Eu que em temas de amor
Nunca me guiei pela aparência
Na sua cintura encontrei
Uma borboleta de concupiscência.
As mais explosivas damas
Me deixavam na cama gelado
Tenha cuidado ao despir-me
Não vai estragar meu penteado.
Lua sim a compreendido
Por caminhos escondidos a buscado
A água que mana o escuro manancial do pecado.
E ainda que me deixou marcado um mapa de arranhões nas costas
Nunca achei tanto calor como embaixo de sua saia.
Eu lhe pedi, vem comigo!
Mesmo que o mundo diga que estou louco.
Farto como eu estava de tantas lindas, insípidas e tontas
me cansei da falsa beleza.
Como o sábio disse:
Não troque Paris por sua aldeia
E me abraço a verdade desnuda de minha feia.