Outra estória de AMOR.
"O nosso amor começou como uma forma de apaziguar uma dor insuportável,aflição e alegria,alternando-se com maestria implacável,como fariam as drogas,ou o trabalho excessivo.Ou,qualquer outra coisa que renova,os círculos de tortura,num relacionamento obsessivo.Como seu pai que,bêbado,jogava os seus gatos na parede e lhe contava depois estórias,em noite de tempestades,balouçando-se na rede,sem a menor maldade.
Isso a fazia se perguntar,sobre esse tipo de ternura,que não perdura,mas,é enganosa como a calmaria em alto mar.Sempre tivera parceiros ausentes,negligentes,violentos,passionalmente sedentos ou imaturos.Homens que atendiam as suas necessidades sensuais,conduzindo depois pelo cabresto o seu futuro.
E esse fascínio dela,nascia de uma quimera,de solucionar no presente,problemas que ficaram pendentes desde a sua infância,com a constância com que os traumas transformam os nossos medos em arrogância,era adepta inconsciente da violência psicológica,pois,quando não era vitimizada,você fazia o papel de algoz,com uma alegria patológica em meio aos raios e às trovoadas,principalmente,quando estávamos à sós.
Era o único tipo de relacionamento que conhecia.Como ser feliz sem a intensidade propiciada pela agonia?A dor,mágoa,ou raiva da infãncia eram conflitos,que esperava exorcizar,repetindo os mesmos delitos.
Ás vezes,era enfermeira,da hora última,até a primeira.Guarda-costas,psicóloga ou gueixa,sem nenhuma queixa.Para manter o nosso amor,tudo calava ou desculpava,como uma prestativa escrava.Não emprestava voz para o seu desconforto,o medo e a dor,eram a vida para o seu amor-próprio,semi-morto.Quando me via com outras mulheres,dizia,"faças o que quiseres",sei que no fundo é apenas a mim que tu queres.Um dia entendi,que para ajudá-la,precisava começar por mim.Não apenas saborear o batom dos seus grandes e pequenos lábios rosados,no camarim.
(Versos escritos a partir de uma conversa com uma amiga)