Já surda a madrugada fria

Já surda a madrugada fria

Escorre o tempo, escoa a vida

E meu árido lamento se inicia

Nas minhas mal-traçadas linhas.

Pela janela o negrume oscila

As ondas num triste marulhar

Vagas soturnas, meu desejo, no mar

Navegar, perder, naufragar.

Sentido não há como havia...

Antes de te encontrar

Meu mundo, violão mudo, chorava

Agora só quer cantar.

Mas nas horas rubras do medo

Noturnas melodias dedilho

Fitando pela janela a cismar

Na inocência casta do teu olhar.