Amantes
Vivi a morte ao ver a mulata passar
Os seus olhos cegaram os meus olhos
Seus lábios devoraram os meus lábios
E suas mãos a me tocar.
E o seu cabelo enrolado deseja me laçar
Mas passa minha negra e beija e beija;
O meu beijo a te beijar.
Vivi a morte perfeita
Límpido fez-se o meu sonho
Só quero sonhar:
Morte! Quero-te viva para me matar!
Confesso! Sou um amante.
E a tua dor de alegria inveja a sepultura
Você, minha negra, eu, sua cultura
Hoje farei para você um poema belo
E te devolverei os orixás
Mas esquece de tudo, mulata
Vamos sambar nagô, o (agogô)
E esperar o candomblé passar
E a viva morte, vivi num dia de domingo
Pois num beijo vivi a aurora
No meu desejo vivi minha cabocla
(senhora)