DESABAFANDO AMOR

Abra os olhos e descubra o que te fez o destino.

Na noite vencida pelo dia ficaram as notas tristes da canção solitária, e vaga no infinito o terrível medo de que os anos nada tragam em favor de tua felicidade.

Contempla ao teu redor e constata um olhar que te vislumbra muito além dos atrativos físicos em tua evidência, que percorre teu íntimo como que monitorando teus vácuos, dispondo-se a curar as veias abertas de teus fracassos emocionais.

Permite a ti mesma ser achada por esse que te busca incessante, que venera teu sorriso estampado em pétalas, que te procura no brilho da lua e te acha nas auréolas estrelares. Esse limitado ser que se agiganta em amor e paixão, que se estatela ao chão para ser o pó de teus passos desprezadores.

Talvez não seja a exata feição projetada por teus sonhos, nem corresponda aos padrões impostos por quem julga conceitos em nome de uma ótica questionável.

Talvez não traga nas mãos o requinte exaltado pelas páginas dos contos surreais, nem agregue na retórica os chavões que acariciam ouvidos femininos.

Mas, e se for aquela metade clamada por teu silêncio? E se possuir as chaves que abrirão os portais de uma felicidade até hoje inédita em teu existencialismo? E se ler em teu olhar o que ninguém jamais se deu ao trabalho? E se calar a voz, enquanto teu choro achar vazão num ombro cúmplice?

Aqueles dias em que tuas mãos brincavam já se foram. Aquelas tardes de sonhos infantis estão guardadas no porta-retrato da penteadeira.

Agora as marcas de menina pedem a cicatriz da maturidade e as tuas mãos já não querem manipular um brinquedo que apenas simula a felicidade. Agora o mundo te impele ao despertamento e te convida a viver.

Por isso estou aqui. Eis a razão de minhas palavras.

Um dia, certa feita, nasceu ensolarado e convidou as flores ao sorriso, os pássaros ao desafio. Mas o início da tarde trouxe uma chuva fina que se perpetuou até o ocaso da madrugada.

Assim sou eu. Com todas as potencialidades da ventura, com um forte e voluntário coração rendido à sorte das mais amplas alegrias, subitamente me vejo estilhaçado por esse frio que me açoita, ao ver a mim sem me ver em ti.

Eu tenho pela frente dois destinos, mas nenhum deles me permite te esquecer .

Tu tens uma coleção de monstros e fantasmas, de medos e incertezas, todos menores que meu amor por ti.

Eu me obrigo a essa cura, eu te proponho a tua liberdade e te asseguro que sou teu melhor drama, porque em mim tuas lágrimas terão razão feliz de ser e vão regar um sorriso que jamais te visitou.

Faça-me teu, porque estamos incompletos. Seja minha, porque te amo além de mim!!

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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 11/08/2011
Código do texto: T3153176
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