ELA NÃO SABE

Ela não sabe da missa um terço,

Nem imagina o estrago

Quando me recusa um beijo

Ela não sabe

O tamanho do meu desejo

Ela não sabe nada do meu amor.

Ela não vê meu vulto nas madrugadas

Escalando estrelas, surfando nos ventos,

Arranhando as paredes com unhas de prata

E beijando o chão onde ela pisa.

Ela não vê as minhas lágrimas noturnas

Escorrendo pelo ladrilho do quarto,

Pérolas solitárias engolidas pela noite.

Ela não percebe os meus volteios

A minha palavra doida

O meu gesto bobo

Meu riso triste

Ela não escuta o som do meu gemido

Navegando nos lençóis da cama

Nem percebe o tremor dos meus pés

Solicitando carícias atropeladas.

Do meu corpo aquecido um vampiro se solta,

Manada de tigres avançam nos corredores,

Um tropel de cascos atropela o leito

E ela permanece quieta, no seu casulo de ferro.

De que adianta o som da flauta?

De que serve a madrugada sem a magia de um orgasmo?

De que serve o meu poema

Se ela não sabe.

henrique ponttopidan
Enviado por henrique ponttopidan em 11/08/2011
Código do texto: T3153202