Primeiro amor

Desceu sobre mim um imenso vazio

Que me fez sentir como um pedaço de toco, oco e tosco

Me fazendo refletir sobre quem sou

E que caminho devo realmente seguir

Mas antes devo eu me despir

De tudo o que me faz infeliz

Revelando para mim mesmo que eu sou...

Digo então que sou:

O grito perdido ecoando no ar

Um funesto errante peregrino

Um infeliz deprimido bandido

Um homem covarde infeliz infiel

O buraco cavado no seio da terra vazio

O lixo que está encoberto aos olhos nus

Um fudido maltrapilho perdido, mendigo

A prostituta meretriz da rua,

De coração vagabundo de todo mundo

Oriunda de um caule sem raiz

Pragmático, dogmático

Contado, pesado encalhado

Mas arrependido pelos meus pecados

Um Jesus, um José, um Mané

Abnegado de minha vida sem sentido

Buscando um caminho alternativo

Sou a fera banida da selva

Escondida na terra

Sou o homem infiel camuflado

Sob a cortina de uma vida cretina vivida

Arrependido e confesso agora dos meus pecados

Quero mesmo meu regresso, quero encontrar minha lucidez

Que me leve a uma porta, que seja a saída

Para esta vida desprezível e maldita

Ser renovada e invadida pelo amor do pai celestial alcançado

Marcello dos Anjos
Enviado por Marcello dos Anjos em 11/08/2011
Reeditado em 05/12/2011
Código do texto: T3153308