O Que me Chama em Ti

O que me chama em ti,

decifra a rosa...

E, com pulsações de quartzo,

segue insone percorrendo

as latitudes do relógio.

Tem noção de eternidade

como Júpiter, em relâmpagos,

pretensão de ser estrela

quando a lua, em quarto novo,

põe cortinas nas janelas.

O que sonoriza

meu nome em teu silêncio

tem a mesma substância

aérea e musical

dos acordes emplumados

que povoam campanários,

do líquido acalanto

derramado na maré

ou dos anjos que levitam

sobre as notas de Beethoven.

O que me chama em ti,

ordena o caos,

rege as elípticas,

vive, trêmulo e azul,

entre a queda e o equilíbrio.

Em eterna combustão

consome-se do que vive

e renasce eternamente

em translúcida matéria.