UM SÓ CORAÇÃO

A solidão de uma alma,
Corta bem mais que o fio da espada!
Rompe todas as alegrias...
Mesmo se está acompanhada?

Rasga os versos da infância,
Consome os risos em devaneios,
Corrompe a pureza da esperança...
Acumula a dor que aperta o peito.

Sussurra mansa a falsidade,
A desumana solidão!
Faz sofrer na desigualdade,
Um pobre, solitário, coração!

Por mais que uma vida inteira,
Busca-se só sentimentos bons,
Pode afastar com uma frase, uma asneira
O sorriso que clama por acontecer...
Porém sem seus sons!

Quisera eu, no fim da vida derradeira,
Gritar bem alto, afasta-te solidão...
Que vem comigo como companheira
Calar meus versos, com sua mão.

Mesmo estando entre festas,
E no meio da multidão,
A solidão sem aparo, grande aresta
Me consome da'lma, a ilusão!

Só um sorriso, apenas um gesto
Como um carinho ou um perdão.
Bastariam para quebrar o elo
De minha vida com tal solidão!

Pobre poeta de alma aflita,
Que não encontra seu próprio ser.
Faz da musa, presa sem saída...
Para seus sentimentos transparecer!

Um coração solitário
É bem mais que uma disparidade,
E desumano qualquer comentário
Que pareça sequer caridade?!?!

Um ser cheio de amor
Se consome nas chamas da ignorância...
Do ser que pensa amar,
Impondo o julgo da dor!

E clama tal compreensão
Que não consegue ser imparcial,
E nas chamas da infelicidade
Retém um coração, que não deixa amar...

Esta solidão é mais forte...
Que as raízes presas ao chão!
Então digo ao amor e a sorte...
Que prefiro não ter mais coração!
Sandra Araujo
Enviado por Sandra Araujo em 13/12/2006
Reeditado em 11/01/2007
Código do texto: T316731
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