SEM PERDÕES (O Padre e a menina)

Ele homem casto e bom

Ela provocante de batom

Ele na fé de seu sermão

Ela sem nunca dizer não

Ele ungido pão e vinho

Ela atrapalhando o caminho

Ele entre beatas e santos

Ela alugando seus encantos

Ele água benta e penitência

Sem prestar muita atenção

Ela cheirando falsa essência

Sem prometer pede perdão

Ela em cruz que não termina

Ele desfiando mil rosários

Por alguma luz que ilumina

Cruzaram-se os itinerários

Ela contou cada pecado

Sem pressa, toda calma

Ele se achando abençoado

Limpou seu corpo e alma

Passou a vir toda tarde

Depois das horas de atriz

Pedia sem muito alarde

Alívio para sua cicatriz

Tanto enlaçaram a mão

Entre bênção e perdões

No sentimento, confusão

Das entranhas, sensações

Das solidões brotou paixão

Olhares ternos e emoção

Juraram de todo o coração

Amor eterno em comunhão

Ela sonhou fosse menina

Foi mudando sua rotina

Nunca mais uma esquina

Nunca mais qualquer um

Sem repentes, na surdina

Na consciência uma faxina

Lançou fora sua batina

Formaram um casal comum

Nunca mais estar sozinho

No bar da esquina, na igreja

Brindaram cálices de vinho

Ou um copo de cerveja

Tiveram seus espinhos

Feridas curadas num sorriso

Voavam tal dois passarinhos

Devem ter ido ao Paraíso

Nada é certo ou errado

Nem um bom, outro ruim

Assim, pertos, lado a lado

Os dois se amaram até o fim

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 09/09/2011
Código do texto: T3210164
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