No silêncio da noite
Maria Antônia Canavezi Scarpa
A noite tem um silêncio diferente
quando os motivos para senti-los vêm,
acompanhados de recordações proibidas,
ela passa a dançar com frenesi
como se os pecados estivessem caindo pelo ar.
Os olhos ficam abertos
se deliciando com os sons lúdicos,
incorporados a escuridão, debruam notas,
tudo se movimenta ao toque da ilusão,
e como mãos de fada vão roçando tudo.
A imaginação fértil delicia-se
explora o inimaginável até materializar-se,
desprendendo um agradável olor,
nas chispas que os devaneios formam,
ao espalharem seus risíveis fragmentos.
O cérebro é uma imensa fábrica de sonhos,
dia após dia burila novas invenções efêmeras,
permitindo que as utopias alimentem o ego,
até os veios vitais dos sentidos, permitirem
que o coração acelere seus batimentos.
Quando este sangue fantasioso e afável,
instigar e descompassar as artérias à devanear,
vai deixar à noite expor suas verdades
até serem desgarradas pelos ventos,
impelidos a fantasiar...