BAGAGEM

Quando trouxeres novamente ao meu leito

Este cálice puro e profano, este santo corpo

Sem mágoas, sem marcas, sem defeitos

Traze aos meus prantos o consolo amigo

Que, não obstante, quero chorar contigo.

Sei, trarás tua inevitável e sadia maldade

Assim como trouxeras outrora no começo

Trarias talvez, zombando da minha inocuidade

Novas dores, e que tragas meu desassossego

É o castigo que se paga por tanto apego.

E se trouxesses qualquer coisa, que diferença?

Mereço-te mesmo, te preciso e te desejo

Vivo esperando ansiosamente tua presença

E quero ver-te trazendo, mesmo afundado na dor

Este cálice puro e profano. Este corpo sagrado, meu amor!