A invenção da chave

Por trás da cortina prateada,

há o brilho que foge de uma vela incandescente,

e que desenha o rosto esquivo dos meus olhos,

como que disfarçando sua ingenuidade para o mundo.

A maldade não pode morar em olhos assim.

Está nas moscas que sobrevoam as frutas de muitos dias,

tentando roubar seu rosto de minha visão triste,

está nas cartas, uma viradas outras não,

que desenham o futuro que eu não entendo.

Esperando pelas respostas que abrem portas,

grita-se o que deveria ser apenas dito.

Coração enclausurado, descrente,

sem culpa, sem solução,

na armadura imóvel de uma pintura.

Ilusão de um pincel imaginário,

numa parede de velha madeira,

inutilizando relógios,

emudecendo caligrafias perversas....

é apenas disso que fala,

é apenas isso que entendo.