POR UM INSTANTE
Por um instante perdi teu olhar
em meio à multidão
e tive um medo de ser para sempre
a perda.
Como quem naufragou te busquei
e, por não te ver, sufoquei
o grito,
o mais primal dos gritos,
de agonia,
de solidão.
Quase tudo é efêmero, eu sei.
Até este sentimento em mim.
Amanhã, posso acordar
e, ao te ver ao meu lado,
perceber que tudo passou,
o amor talvez não fosse
tanto amor assim.
E, de repente, a tua partida
começa a não mais doer.
Mas, enquanto inda dói,
por um instante deixei-me
sofrer por tua ausência
imaginária
em meio ao vendaval de pessoas
e sonhos
ao nosso redor,
e a dor de te amar
demais, demais, demais,
bateu como uma procela
dentro de mim.