PELOS CAMPOS FLORIDOS

Cabelos esvoaçantes e rebeldes,

Pés descalços, figura de mel,

Corpo esbelto como se esculpido,

Assim era a bela garota insinuante,

Provocativa no sorriso malicioso,

E que leve como se fosse pluma,

Vagava pelos campos todo florido.

As flores lhe acenavam sorrindo,

E como crianças queriam brincar,

Pedindo que dobrasse seus joelhos,

Para colher pelo menos suas pétalas,

E nos cabelos rebeldes agasalhar,

Pois queriam com ela passear,

E seus perfumes na brisa espalhar.

Garota esperta de beleza insinuante,

Tinha pela natureza linda parceria,

Pois quando a primavera despertava,

Mostrando aqui e ali flores coloridas,

Ela na sua meiguice tudo admirava,

Desde o rio que sapeca ligeiro corria,

Até o cantar dos pássaros em revoada.

Não tinha afinidades ainda com o amor,

Pois garota precoce parecia moleque,

Subindo em árvores sem temeridades,

E atrevida mergulhava nos remansos,

Daquele rio rebelde que se acalmava,

E a roupa molhada seu corpo mostrava,

Parecendo esculpido por um hábil artesão.

Seu mundo eram os campos floridos,

Onde colhia até os frutos do campo,

O araçá azedinho e a doce gabiroba,

Que comia como se fossem guloseimas,

E as flores silvestres se abriam vaidosas,

Para serem tocadas pelas mãos macias,

E nesse cenário bonito muitas vezes voltou.

Tinha pelo entardecer sereno sua paixão,

Pois contemplativa via o sol se escondendo,

Até que matizes de luzes pintavam as nuvens,

De todas as cores para brindar sua beleza,

Que ela correspondia com olhos marejados,

Pois lágrimas iam aos poucos descendo na face,

Como se fossem gotas de chuvas caindo do céu.

26-10-2011