Entretanto, o Amor
Não mais me surpreende a hipocrisia humana
Mas é ainda uma grande ofensa
Tudo o que se presencia nessa vida,
Às vezes, tão grandemente desumana.
Fala-se tanto da alheia aparência
Diminuindo-a em relação à própria beleza
Esquecendo-se de que o Belo é relativo
E de que o exterior é casca e vira excrescência.
Critica-se tanto as mais diversas alheias atitudes
Da escolha de um penteado à opção sexual
Esquecendo-se de que o livre arbítrio é legado divino
E compreender e aceitar as diferenças são belas virtudes.
Porém, mais longe delas que dos vícios está a humanidade
Enxergando apenas o próprio umbigo
E fechando os olhos para o que há ao redor
Ruma, indubitavelmente, ao nada da infelicidade.
Deseja-se tanto ao menos ser ouvido
Mas não se ouve sequer o que está ao lado
De que forma então se pode querer algo
Se não se concede o que a si se quer concedido?
Entretanto, no meio de tanta miséria e desgraça
Há uma luz que teimosa brilha na escuridão humana
É a luz do Amor que mantém viva a esperança
De que um dia seja Dele merecedor a humana raça.
Cícero