RENATA
Renata e eu
temos segredos escancarados:
todos podem ver,
basta abrir os olhos.
Renata e eu
somos mais que amigas:
somos irmãs de fogueira,
amantes de alma.
Fugimos
para sonhar uma com a outra.
Deitamos
para não descansar.
Renata e eu
somos cúmplices em um amável crime:
matamos o desejo
uma da outra.
Renata e eu
nos despimos mutuamente
e, ao sentir sua língua
em meu ventre,
entendo tudo
o que ela quer dizer.
Dirão que não é amor,
que não há amor
entre mulheres.
Mas como explicar
essa infinita ternura
que brota em nosso espírito
após a explosão do gozo?
Renata e eu:
uma só carne.