Sabor da nudez.
Sabor da nudez.
Eu provei o gosto, ainda está...
Bebi tanta seiva da vida.
Bebi o fel da dor, bebi o
amargo da saudade.
também bebi o mel do amor.
Ainda sinto na ponta da língua
o gosto da tristeza.
Sinto no meu sangue correr
a vontade da vida. sinto minha pele
o desejo da carne.
Essa é a minha roupa colorida,
provei tantas cores,
beijei tantas pessoas, abracei fiz amor, gozei...
gozei a vida, como ela é linda...
ela linda quando olharmos para
o machucado com compaixão.
Ela linda quando olhamos para
o condenado com perdão.
Sim ela é linda quando temos medo,
muito mais quando descobrimos
tão grande somos diante dele.
Ela linda que só nos damos conta de sua beleza...
Quando a alma resolve se despir da roupa,
essa roupa que eu colori durante minha vida.
Sinto o desejo de ficar, sinto o sangue esfriar.
Sinto ainda o calor dos outros me envolverem,
sinto minha alma despida da vida e
envolvida no conforto de um adeus.
Meu ultimo sabor, minha ultima cor
Meu ultimo...
Agora estou nu.
Deixo aqui pendurado minha roupa colorida
Sobre minha escrivaninha o meu velho óculo.
Pois agora a caneta sem tinta...
Não á espaço no papel.
Mas á outro papel, que vestirá a complexa personagem.
Criada por Deus.
Assim termino minha vida ao se apagar o foco ao apertar o ponto final.