APRENDIZ DO AMOR

Quando eu descobri que me enganei

Com o amor que escolhi,

A tristeza de minha alma rolou sobre minha face,

E era tão intensa essa tristeza que senti o sabor quente

E salgado e pesado e escuro da dor

Que formava rios de lágrimas no leito de meu rosto.

Não porque tal amor fosse embora ou porque eu estaria órfão

Dos seus carinhos - se mal acompanhado, melhor sozinho!

Pois, estar com quem não nos dedica sentimento puro

É muito pior que a solidão, por mais que o golpe seja duro!

Tamanha tristeza e dor vêm do recôndito de minha alma,

Traz a lembrança das muitas despedidas, que – mão em palma,

Mais um amor acenava dizendo-me um dorido adeus!

Então o mesmo sabor, o mesmo calor, a mesma dor

Escorria sobre o leito de rio em minha face!

Sou um viajor aprendiz renitente das lições do amor,...

Lição difícil de se aprender, cada novo caso tem me reprovado!

Meu coração, às vezes magoado, outras entusiasmado

Só escolhe amor impossível: se vive um dia de alegria, vive dez de dor!

Eis a causa desta tristeza medonha, para mim, motivo de vergonha!

Tenho atravessado os milênios repetindo a mesma lição,...

Já desenvolvi calos nas dobras do meu coração.

Fascina-me os amores proibidos, os amores bandidos,...

Da próxima vez que me reencontrar com meu verdadeiro amor,

Não vacilarei, em seu regaço deitarei e dali nunca mais sairei!

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Manoel de Almeida
Enviado por Manoel de Almeida em 10/11/2011
Código do texto: T3327423
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