O RIO CAUDALOSO DA PAIXÃO
Ele é quem me comove
ao dizer palavras
de uma doçura inaudita.
Ele é quem me distrai
ao cantar cantigas
de um outro tempo.
Ele é quem viaja
pelas frestas de minha pele
e me leva
ao outro lado do rio.
Ele é quem desvenda
os meus pontos de gozo
e prazer
e me leva à pequena morte.
Morro lentamente
e volto a viver,
todas as noites
em que cruzamos
o rio caudaloso da paixão.
É por ele
que me deixo vencer
e tombar frágil e lassa.
Ele vem depois
e me reergue
e me desconstrói
e eu me renovo.
Não temo as fortes correntes
do rio caudaloso da paixão.