EROS: A CARNE
A carne fragiliza o espírito,
que, sem um lar seguro,
divaga pela madrugada.
Busco teu corpo na memória,
busco o teu cheiro de mato,
busco o tempo a mais
que a vida me promete.
Entro em teu quarto.
Dormes e sonhas,
no cansaço intrínseco
a um dia de luta.
Amanhã estaremos juntos
e, de mãos dadas,
cruzaremos o jardim
e cairemos na cama de flores
criadas por minhas mãos.
Rolaremos apaixonados,
animais em festa,
pássaros dançando no céu.
De tua boca, extrairei
palavras de paixão
e beijos aflitivos.
Irás tirar de mim
a energia necessária
para um dia de luta.
E seremos o fogo
que aquece o dia.
A carne fragiliza o sono
e sinto os teus dedos
em minha fresta sutil.
A minha mão é a tua,
a saudade me rói,
mas, por amor,
penso que estás aqui.
E o gozo vem pleno,
mas imperfeito.