A poesia fala para falar de amores
A poesia fala de mim
E de você
Ela fala de um nó
E também de nós
Ela fala do que fizemos
Fala do que fazemos
E do que não fizemos
Fala do que gostaríamos de ter feito
E não fizemos por simples falta de coragem
A poesia fala de sonhos
Fala da vontade de ir embora
Da vontade de chegar, ficar
E de nunca mais partir
A poesia fala de um tempo
Do tempo de criança
Do balanço na varanda
Das brincadeiras de roda
Dos bolinhos de chuva
E do tempo em que ainda se contava estórias
A poesia fala daquele lugar
Onde nascemos, crescemos
De onde fugimos
E resistimos em voltar
A poesia fala daquela festa
Daquele passeio de moto
Naquele Sábado
De liberdade
A poesia fala do primeiro amigo
Do primeiro abraço
E do primeiro amasso.
A poesia fala da primeira vez
Na montanha russa
Da primeira viagem
E da primeira noite sozinha
A poesia fala, discretamente
Daquele indiscreto beijo
Do inesquecível gozo
E da inevitável saudade
A poesia fala assim
Na sua espontaneidade
De romance
De alegria
De encontros
De esperança
De tristeza
E dor
Que rima com amor e calor
E sem pudor
Ela fala de lágrimas
Da saudade apertada
Do coração machucado
Dos amores antigos
E dos eternos amigos
A poesia fala para falar de amores
Dos frustados
E passados
Dos impossíveis
E inesquecíveis amores
A poesia fala e fala também
Daquele amor
Intensamente vivido
E fala sempre
De modo discreto
Reservado
Meio tímido
E acanhado: eu te amo para sempre
Ou do “eterno enquanto dure”