"Amor! A quanto obrigas?"

Amor! A quanto obrigas?

A quanto obrigas, coração despedaçado?

De que mola, de que eixo foste formado?

Se a cada pedacinho de ilusão

Custa caro à minha pobre devoção

De que massa foste gerado?

Assim vens camuflado

Em valores dissipados...

Que tens tu nestas entranhas?

Que torturas vens marcado

Pra envolver em teias, sufocado

Em iludir quimeras, acovardado

De que células vens gerido?

Encarcerado numa sedução sem nome

Que tecidos de alma tens refletido?

Se não fazes mais parte de mim agora

Se de transtornos tu tens duplicado

As artérias que alimentam meu viver

Rompe teus vasos, constroi outras saidas

Não deixes que eu viva assim desiludida

Neste pantanal frio de recordações

Joga tua âncora, deixa eu ter minhas ilusões...

Promessas, a quanto obrigas?

Sustenta meu mundo como o ar que vivo

Deponha armas como fiel castigo

Desta árida planície, cuida das intempéries

Criva tuas entranhas de coerências sentidas

Respeita minha vida, qual cruel partida

Não macules mais minhas despedidas...

Deixa eu dissipar promessas consentidas

Deixa-me drogar em esferas de saudades

Quisera ter o leme todo da verdade

A beliscar intensa toda a realidade

Não me embriagues com sutís enganos

Ao me ver patinar neste chão dorido

Vou predestinar-me a te ter vencido...

Ilusões, a quanto me obrigas?

A devaneios tontos da loucura

Esgarçadas teias, aranhas selvagens

Que num tear pleno de tortuosos ais

Elaboras asas de destruição covarde

Como desdéns de tuas sensações vencidas

Respeitem , ao menos, tuas armas temidas...

Saudades, a quanto obrigas?

A dilacerar embaraçados anseios

Cuida, de verdade, das lições tão lidas

Deixa-me sentir tuas lufadas amigas

Porque de saudades ainda continuo viva

E, de saudades, quero ter me extigüido

Quero respirar ainda ao estar adormecida...

Paixão, a quanto me limitas?

Destas enraigadas, pacíficas lembranças

Que me acompanham em certas sutilezas

Mas te sentir assim tão minha, embora

Eu vá continuar na lembrança que inda vigora

Com as emoções tidas, por aí afora

Neste emaranhado mundo que vivo agora...

Paz, a quanto te esquivas?

Desce deste portal de dúvidas e inquietude

Ampara-me como se fosse tua missão

Mostre-me, mesmo de esguelha, tua plenitude

Que destas lacunas inspira-me a viver agora

Insiste logo, vem trazer-me o descanso

Desta solidão que tenho e ainda vigora...

Felicidades, a quanto tu demoras?

Queira-me doar tudo que necessito agora

Vem, com tua força e pujança infindas

Como oportunidades feitas com loucuras

Deixa-me boiar nestas águas serenas

Até me afogar em cantigas amenas

Pra te sentir cheia de ternuras...

Myriam Peres

Myriam Peres
Enviado por Myriam Peres em 13/07/2005
Código do texto: T33618