Incompletude ( Poema de Selva nº 1)
 
Eu não te Amo só porque te Amo
E nem apenas porque não me odeio
É porque eu adoro os teus meios.
Não só pelo vale entre as tuas pernas
Ou o rio de suor entre teus seios.
É pelo maior dos teus mistérios
E a mais linda das tuas entre-metades
A que junta os dois teus hemisférios
Como se houvesse apenas um:
O que com a Alma raciocina e se sub-encima
Sobre mim e me arrima
Não como muleta nem como vício
Mas simplesmente pelo ofício
De me Amar mais menos do que eu te Amo
Não simplesmente por menos mais me amares
Nem só por não te odiares ao Amar a mim
Mas por não desgostares
Dos meus inteiros meios de te confessar no fim
Que eu não te Amo pra me completar
Como não quero que me ames por eu te faltar
Sim pela certeza de que na ausência da vida
Será a morte a nos inteirar
Que a vida não nos ama enquanto à outra não se amar
Mas nem mesmo ela nos chama apenas para matar.
Ela apenas espera os que aquela encaminhar
A que confunde Amor com si mesma a vida
E morte com não mais se Amar
Como se Amar não fosse o perecer
E no viver não haja o desamar
E no vão entre o momento e o eterno
O que é o meio entre o céu e o inferno
A gente não se desmontasse sempre
No quebra-razões
Do centro, que divide por dois os corações
Que morrem vivendo
E param batendo
No tempo que ilude
Ao que não sabe que Amar
É só a virtude
E apenas a arte
De se incompletar.

 
Aldo Urruth
Enviado por Aldo Urruth em 27/12/2011
Reeditado em 27/12/2011
Código do texto: T3409459
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.