O amor
O amor
(Belchior Contins)
O amor é belo
Mas vem e cega, enlouquece
Vem, nos distrai, enrola e cresce
Tira o sono da gente, pobre amor
È um tudo tem graça, não se esquece.
Pra tudo risos, juras, lealdade
Nos corações ateia fogo
Fogo doentio, e adoece
Incita, excita, causa vergonha, desavergonha,
Cega, engana, é bondade, é maldade.
“Amor”, extremo da vida
È prazer divinal, ciúme teatral
Dia se é bonança, noutra tempestade
Amor devora é mortal, é chaga, ferida aberta
Causa o choro, afaga, acaricia, humilha.
O amor é procura constante
Às vezes perto, às vezes distante
Ilude-nos, trás felicidade
Envolve-nos como forca sufocante
Depois vai, some e só fica saudade.