Último poema de amor

Mulheres poderiam ser canções de amor,

Ou mesmo uma simples melodia que por si só, chora

- E que não cabe letra por tantas coisas de significado.

Ainda ouço canções que me emocionam,

melodias novas ou antigas que são tão minhas

quanto de seus criadores.

E o que sobra para uma mulher?

Que é corpo de corpo,

que tem cheiro igual à todos os corpos

e palavras iguais à todos os humanos.

Nada me encanta mais e talvez isso não mude.

Me encanto com um gato, um pássaro, um cachorro, uma rosa...

E o que sobra para os errantes?

Talvez os homens tenham nascido para a música

e as mulheres para inspirar música.

Ah! Pra quê existe o amor se nada mais tenho eu para amar de verdade?

Por que existe religião, será que existe deus?

Talvez todas essas coisas que nunca ninguém saberá se existem

Só existem com a razão de ser música.

Que vida lamentável, desgraçada e linda!

Acordo amanhã pra conhecer uma melodia nova,

que as melodias são seres tão perfeitos

que de tão perfeitos eu não posso matar.

Uma melodia simplesmente existe eternamente em um espaço de tempo,

assim como a própria música que não definha igual ao homem ou mulher.

Sabendo disso tudo,

meu canto eternamente será para o amor congelado num tempo perfeito

que tive há pouco tempo e já morreu

(parecidinho com uma rosa,

que dura semanas,

se dura).

É, meu amor por ti foi uma rosinha

que morreu sufocada por tanta água.

E a minha música é o sol que banha sem matar

todas as flores do mundo.

E todo o canto que cantei pra ti

e as melodias que te fiz

São uma simples lembrança,

que se sabe viva e eterna

igual à uma foto presa na memória.

Igual à uma música que não lembro bem,

que de tão bela,

nem existe.