Em tempo...

Gosto de cores nas letras tremidas que escrevo

Talvez porque vejo o mundo em preto e branco

Provavelmente porque já não creio na humanidade

Na realidade nem acho que escrevo poesias

Jogo as palavras no papel

E me sinto melhor depois

É o bastante para que eu continue a viver

Já nasci velho

Morrerei já morto.

É que em minha vida tudo é tão intenso

Por vezes tenso e medonho

Chega a faltar ar... daí os suspiros e as lágrimas.

Vejo tanta dor que prefiro o presente

O passado custo a esquecer

e pensar no futuro é um medo só.

Sou um caos em meio à simplicidade

Assustam-me coisas complexas

E prefiro recolher-me à insignificância.

Vivo com certezas

Sem esperanças e encontro forças no nada

Pois minha fé é pequena como pó.

Deus errou feio em mim

Tenho ciência disso e algo queima em meu espírito

E nem desejo pensar no que possa ser

Se for o inferno, que seja

Se não for, tampouco me importa

mas seja o que for: agradeço pelo que fui, sou e serei.