Mais linda que qualquer uma.

Se chamava Soledade e estava sozinha

Como porto maltratado pelas ondas

Colecionava borboletas tristes,

E endereços de ruas que não existem.

Mas teve um desejo de jogar

E fazer comigo uma exceção

E primeiro, nós fomos bailar

E na metade de um "te quero" me esqueceu

De esperança não tinha mais que o nome

A que não esperava nada dos homens

Colecionava amores desgraçados

Soldadinhos de chumbo mutilados.

Mas quis uma noite comprovar

Para que servia um coração

E ascendeu um cigarro e outro mais,

Como toda esperança se esfumo

Por isto, quando o tempo faz resumo

E os sonhos parecem pesadelos

Regressa aquele perfume

De fotos amarelas.

Se chamava Imaculada aquela puta

Que curava o sarampo dos recrutas

Colecionava nuvens de verão

Vels de tul ruidos por traças

Mas quis apaixonar-se como uma loira da multidão

E que eu a tirasse da rua dos beijos sem amor.

E mil anos depois quando outros gatos

Desordenam minhas noites de loucura

Invoco aqueles momentos de torpes calenturas

E mesmo sabendo que não era a mais linda do mundo...

Juro que era mais linda que qualquer uma...