Amores Eternos

Nua se sentia igual que um peixe na água

Vestir-la era pior que lhe por mortalha.

Inocente e perversa como um mundo sem deus.

Alegre e generosa, como o pão dos pobres.

Não quis reter-la, de que teria adiantado desfazer as maletas do esquecimento?

Mas não sei o que eu daria para ter-la agora mesmo, olhando por cima do meu ombro o que escrevo.

Lhe dei minhas noites e meu pão,

minha angustia, meu sorriso.

Em troca de seus beijos e sua pressa.

Com ela descobri que tem amores eternos

Que duram o que dura um curto inverno.

Conservo um beijo de carmim,

Que seus lábios deixaram impressos

no espelho do lavabo.

Uma foto amarela, um coração oxidado

E esta sede de quem almeja a fonte dos pecados.

Antes que o carcoma da vida cotidiana

acabasse dormindo em nossa cama,

Pagã e arbitraria como uma segunda feira sem aula

se foi de madrugada.

Não quis ser de ninguém.

Joaquin
Enviado por Joaquin em 24/01/2012
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