Beijo na testa

Óculos e sardas

Com seu complexo de boneca desconfiada

esfrega seu corpo desnudo

Contra o linho branco e mudo do seu travesseiro.

Invisível entre a multidão

Condenada a ser decente, segundo a fama.

No seu pescoço leva pendurado

Os que nunca a convidaram pra sua cama.

Quando agoniza a festa

todos encontram pares

Menos Lua

Que se vai sem ser beijada

A dormir como todas as noites sozinha

E uma lágrima salgada

Com sabor a marmelada de ternura

Molha o solo de sua alcova

Onde um espelho lhe rouba a formosura.

Ninguém sabe como a boca lhe queima

Tantos beijos que não a dado

Tem o coração tão aberto e tão oxidado.

Olhos luxuriosos de homens

Que no ultimo trem olham e desejam

Nunca olham no decote das feias.

Beijos na testa, beijos na testa lhe dão

Beijos na testa, ninguém quer ir além.

Eu quis provar

Eu que em temas de amor

Nunca me guiei pela aparência

Na sua cintura encontrei

Uma borboleta de concupiscência.

As mais explosivas damas

Me deixavam na cama gelado

Tenha cuidado ao despir-me

Não vai estragar meu penteado.

Lua sim a compreendido

Por caminhos escondidos a buscado

A água que mana o escuro manancial do pecado.

E ainda que me deixou marcado um mapa de arranhões nas costas

Nunca achei tanto calor como embaixo de sua saia.

Eu lhe pedi, vem comigo!

Mesmo que o mundo diga que estou louco.

Farto como eu estava de tantas lindas, insípidas e tontas

me cansei da falsa beleza.

Como o sábio disse:

Não troque Paris por sua aldeia

E me abraço a verdade desnuda de minha feia.

Joaquin
Enviado por Joaquin em 29/01/2012
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