Ato de amar

Afunda-se o solo onde não havia vestígio de erosão

Forma-se cratera que assusta e estarrece toda gente

Pasmos ficam Engenheiros e Geólogos... E a multidão

De cabeça erguida à procura de vida embaixo do chão

De olhar soslaio, homens vasculham espaços vazios,

Onde pode haver longínquo sopro de vidas, respiração...

Usam-se equipamentos arcaicos ou lascas de madeiras

Para retirar a terra agora macia onde duro era o chão.

Retira-se toda a espécie de veículos soterrados e nada...

Tudo se encontra como antes, parentes em pranto de dor...

Pais, filhos, irmãos... Mas todos continuam esperançosos

Na possibilidade remota de rever e abraçar seus amores.

Nessa manhã, este pobre poeta, embora estarrecido, alegra-se

Vendo no abrir do sol a possibilidade de o trabalho de resgate

Recomeçar, com homens de olhar soslaio, equipamentos

Avançados e cães farejadores, mostrando-nos seu ato de amar.

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 15/01/2007
Reeditado em 15/01/2007
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