Ato de amar
Afunda-se o solo onde não havia vestígio de erosão
Forma-se cratera que assusta e estarrece toda gente
Pasmos ficam Engenheiros e Geólogos... E a multidão
De cabeça erguida à procura de vida embaixo do chão
De olhar soslaio, homens vasculham espaços vazios,
Onde pode haver longínquo sopro de vidas, respiração...
Usam-se equipamentos arcaicos ou lascas de madeiras
Para retirar a terra agora macia onde duro era o chão.
Retira-se toda a espécie de veículos soterrados e nada...
Tudo se encontra como antes, parentes em pranto de dor...
Pais, filhos, irmãos... Mas todos continuam esperançosos
Na possibilidade remota de rever e abraçar seus amores.
Nessa manhã, este pobre poeta, embora estarrecido, alegra-se
Vendo no abrir do sol a possibilidade de o trabalho de resgate
Recomeçar, com homens de olhar soslaio, equipamentos
Avançados e cães farejadores, mostrando-nos seu ato de amar.