CONTA-ME TUDO

Sá de Freitas

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Reparta comigo um pouco das tuas dores,

Que as misturarei com as minhas,

E sofrerei sozinho, porque cada gota do teu pranto,

É como se fosse ácido a corroer-me o coração.

Conta-me quantas ingratidões sofreste,

Pelo que fizeste de bem, para que eu consiga

Sorver, gota por gota, a grandeza do teu íntimo.

Deixa-me vagar na imensidão

Dos teus sonhos

E contar estrelas no céu da tua esperança...

Deixa-me voar contigo

Pelo Espaço das tuas lembranças,

Para poder sussurrar aos teus ouvidos,

A canção do meu passado,

Que apesar dos pesares foi bom.

Conta-me um pouco só dos teus amores perdidos,

E eu te direi que o verdadeiro amor não se perde,

Nem se enfraquece, nem some porque é indestrutível.

Os que perdemos são amores falsos,

Amores genéricos, clonados

Com o DNA do desejo que se vai,

Como se vão nossos convidados, após saciarem-se

No banquete que lhes oferecemos.

Conta-me tudo,

E quem sabe eu encontre um lugar para ficarmos,

Onde poderei fitar com firmeza,

O brilho dos teus olhos,

A espontaneidade do teu sorriso,

A beleza do teu corpo

E depositar em teu ser,

Este incalculável querer,

Que desde há muito está retida em meu íntimo.

Conta-me o que sentes por mim,

Apenas com o teu respirar ofegante,

Com teu olhar satisfeito

Após aspirares o cheiro

Da nossa transpiração.

Samuel Freitas de Oliveira

Avaré-SP-Brasil

Sá de Freitas
Enviado por Sá de Freitas em 04/02/2012
Código do texto: T3480078