Teus olhos

Teus olhos dizem

Que o acaso seria sempre sério

Como um café que se pede na esquina

E o outro que te cruza à porta

Teus olhos dizem

Que o acaso seria sempre sério

Como dois relógios que marcam a mesma hora

Enquanto um foge da aula

E o outro amarra o cadarço

Teus olhos dizem

Que o acaso seria sempre sério

Quando aquele vê a lua da janela

E aquele que sonha estar perto da lua

Teus olhos dizem

Que o acaso seria sempre sério

Como quando um ouve Buarque e toma um vinho

E o outro lê Vinícius antes de dormir

Teus olhos dizem

Que o acaso seria sempre sério

Como quando se escreve num caderno antigo

E o outro procura um novo amor

Teus olhos dizem

Que o acaso seria sempre sério

Como a noite que dura mais no quarto dela

E por ela faria o tempo parar a noite toda

Teus olhos dizem

Que se não houver acaso

Que por ela se fará

Que o acaso é a flor que lhe foi dada

O poema a ela dedicado

A certeza do amor pelo outro

Teus olhos dizem

Que mesmo sem acaso

Ele vai te abraçar no fim

E se disseres “sim”

Tão logo num abraço seja dele

Tão breve tire toda dor daqui

Será por um acaso toda vida assim

Pedro Hermes
Enviado por Pedro Hermes em 10/02/2012
Código do texto: T3491453
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