VIRGENS NUAS

As palavras pesadas estão cansadas do peso à elas dado,

querem partir com as borboletas em migração,

querem migalhas de sonhos mas que sejam parte da construção

da cabeça humana do futuro, quebra-cabeças em constelares estradas,

fetos de galáxias distantes, ventres em expansiva criação.

E aqui, o que nos sobra?

A serpente do paraíso bate palmas com o excesso de juízo

que acumulamos como nosso bem principal, causa mortis e prejuízo

que nos faz julgadores de toda a espécie humana,

a parte boa, a parte insana,

o que o filho da luz perdeu ao abandonar o céu

ganhou em dobro pelo teor altamente venenoso do fel.

(Das palavras...)

O homem grunhia e nem podia imaginar que um dia estaria às voltas

com sua língua que não se dobra da maneira correta,

que produz palavras disléxicas,

que está levando este planeta à sua desconstrução:

O que era semente abandonada no campo virou trigo que virou pão

que virou moeda de troca entre inimigos que por ele matam

como última solução.

As palavras estão obesas, cheias de comida suspeita,

que vieram das vozes daqueles que reinaram em seus impérios,

nada mais as cobrem, as vestem, andam nuas sob a lua cheia.