Natureza Morta

Processo crônico debilita a aorta

Por onde vagueia um sangue sem cor,

Nas veias se pesquisa o tom agudo do amor

Para que na partitura emocional não haja natureza morta.

Numa paisagem eólica o ar desnutre a dor

E nas folhas que caem renova-se a esperança,

Na concepção de que liberdade parece lembrança,

Há dogmas casuísticos que absorvem emanações de amor.

Árvores despidas de outono respiram a frieza do tempo

E trazem um novo verde que edifica inexpugnável monumento

Em que se guardam resquícios de velhas raízes...

Sementes são levadas pelos ventos e por alados voadores

Que fazem germinar caricaturas de novos amores

Deixando no seio da terra o sangue gangrenado das cicatrizes!

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 14/02/2012
Código do texto: T3498008
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