Águas de abril


Foi em águas de abril que
ouvi o som da chuva por outro prisma (tua voz)
pingos não tocavam o solo antes de
arrebatar meu coração com teu som...

Em final de abril foi onde voltei a sonhar (com você)
sem me sentir pecadora...

Me arremessei sem medo aos planos mais insanos
voltando a sonhar acordada, a sentir-me amada
na intensidade (já sentida) da minha juventude...

-Onde deixei escapar a chuva que banhava meu coração
e me entreguei ao sol (arrebatador) que se apoderou dos meus sonhos
queimando-os deliberadamente por ciúmes da chuva fresca?

Não saberia responder...(até aquele abril) foram tempos de seca árida
de uma sede que angustiava meu corpo sedento...

Talvez..tenha me confundido nas estações...
debelado contra meu ser (por mim incompreendido)...
com isso...esqueci de sorver o líquido da vida...o amor...a felicidade...
deixei-me arrastar pelos anos...permitindo angústia dentro de mim...

Buscar a chuva sem medo...não teria me resfriado
sim, refeito meus mais puros sentimentos
abastecendo minh´alma com as gotas na medida certa para sorrir...
...foi onde errei...me escondi na proteção que a saudade supôs perdida...

Hoje vejo que poderia ter deixado o sol se por ou até se compor com a chuva
afinal ele não foi tão mal como até aquele abril a minha mente imaginava
era eu quem trancara portas e janelas...me fechara à ignorância e ao medo...

Foi em águas de abril que me permiti abrir os olhos do coração ( sentir você)
deixar os preconceitos pré-concebidos serem levados (de vez)
pela enxurrada da chuva que caiu forte naquela tarde e me molhar (sem remorso)
na liberdade em ser total e plena em mim...


Jataí.GO
16.01.07