Náufrago das tuas águas

Tu és a minha barca,

que o mar leva para longe.

Eu fico aqui do porto,

Vendo-te caminhar nas águas.

Se uma onda te traz,

outra logo te recolhe.

Talvez sejas o próprio mar;

e eu, as ondas.

Sopras e eu vou,

puxas e eu volto.

Jogas-me mansamente na praia,

às vezes me lanças ao rochedo:

ou descanso placidamente,

ou de todo me arrebento.

Vivo assim,

ao sabor dos teus desejos.

Sou apenas uma nau,

cansada de guerra,

sem moto-próprio,

náufrago das tuas águas.

Vivo à deriva:

não sei nadar,

não há barco salva-vidas

e não tenho a quem pedir socorro.

Marcelo Grillo
Enviado por Marcelo Grillo em 17/01/2007
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