Amor, Vinde Aos Meus Braços!

Como tu podes tanto me amar,

Se sou uma rocha enferma e insensível?

Como consegues com tuas palavras me abraçar,

Se sou apenas um nome áspero e inexprimível?

Quero te amar mais do que as imaginações,

Os significados e definições do amor podem transbordar.

Quero ser o sol de tuas auroras que acaricia o teu acordar

A cada instante dentro de nossos trêmulos corações.

No entanto, peco contra o sagrado pecado

De não pecar as obediências do amor que sinto

Pelas luzes e escuridões de teu Ser alado,

O qual chove pétalas de fogo no âmago de meu recinto.

Desejo te comunicar com todas as palavras e expressões

O meu amor por ti que, ao querer te falar, encolhe-se e se cala.

Meu sentir blasfema contra esta minha razão que não declara

Todos os tufões de arco-íris líricos por ti de minhas emoções.

Há entre duas pessoas apenas frustrantes analogias,

Tentativas tão cansadas de infinitamente breves aproximações?

Afagamos o que pensamos ser a outra pessoa essas vãs teologias,

Que esculpimos dentro de nós como se não fossem alucinações?

Por que queremos acreditar nesse fantasma de amor teatral?

Entender plenamente a profundidade de si mesmo

É como um barco ofuscado pelo Mar do Esmo?

É se entregar insensatamente a um corpo estranho, impossuível e banal?

As mesas e as cadeiras reclamam para mim tuas ausências,

As cores e os perfumes de pensar e viver emudecem em mim

Ao apenas tocar a lembrança de teus olhos gritantes de transcendências,

Que cultivavam o sublime, o belo, o inefável na esterilidade de meu jardim.

Vinde de novo, ó Horizonte do instante eterno consagrado

Onde nossas almas eram um só vaso de infinitos mistérios.

Inundai com tuas lágrimas redentoras esses torpes cemitérios

Onde minha alma por teu amor cálido é secretamente devorado.

Gilliard Alves

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 24/02/2012
Reeditado em 15/03/2018
Código do texto: T3516986
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