Fechado por deslizamento.

Esta sala de espera sem esperança

Estas pilhas de uma campainha que se seco

Este sorvete de morango da vingança

Esta empresa de mudanças

Com os moveis do amor.

Este sino mudo no campanário

Esta metade partida pela metade

Estes beijos de Judas, este calvário

Este look de presidiário

Esta cura de humildade.

Esta mudança de calçada de tuas cadeiras

Esta vontade de nada menos de ti

Este subúrbio sem grilos em primavera,

Nem costas com cremalheira

Nem anéis de presumir.

Esta casinha de boneca de alternar

Este cacho de pétalas de sal

Este furacão sem olho que o governe

Esta quinta, esta sexta e a quarta que vira.

Este museu de arcanjos dessecados

Este cachorro andaluz sem domesticar

Este trono de príncipes destronados

Esta espinha de pescado

Esta ruína de Dom Juan.

Esta lágrima de homem das cavernas

Esta forma de sapato de Barba Azul

Que pouco tempo dura a vida eterna

Pelo túnel das tuas pernas

Entre São Paulo e o sul.

Esta guitarra cínica e dolorida

Com seu teimoso Knock Knockin'on heaven's door

Estes lábios com sabor de despedida

A vinagre nas feridas,

A lenços de estação.

Este Land Rover estacionado nas tuas duvidas

O tear de Penélope em algum parque

Estes dedos que sonham que te desnudam

Esta caracola viuva

Sem a pianola do mar.

Não abuses da minha inspiração

Não acuses ao meu coração

Tão maltratado e estragado

Que esta fechado por deslizamento

Pelas rugas da minha voz

Se filtra a desolação

De saber que estes são

Os últimos versos que te escrevo.

Para dizer "com Deus" a nós dois

Nos sobram os motivos.

Joaquin
Enviado por Joaquin em 27/02/2012
Código do texto: T3523413