AO AMOR QUE NÃO CONHECI... 

Queria falar da saudade
de um rosto que nunca toquei,
de mãos que não acariciei
e braços que jamais me enlaçaram.
Da boca que não beijei
e do corpo, que nunca foi meu...

De risos contagiantes
que levariam para bem distante
o silêncio dos meus dias insólitos.
Queria despir meu pudor
no suave compasso da paixão,
tendo como som
a sinfonia da vida
embalando com emoção
silhuetas que vêm e vão,
num ritmo cadenciado
e apaixonado.

Queria doar meu coração
e o cadeado que o manteve
do mundo isolado.
Libertar a alma ilhada
para que alcance a liberdade,
longe desta cruel realidade.

Queria dizer dos sonhos fracassados,
dos sentimentos atordoados
ao perceber, decepcionada,
que você é um devaneio...
Um amor que nunca existiu,
fruto da minha imaginação
para fugir da solidão.

2006

Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 19/01/2007
Reeditado em 11/06/2011
Código do texto: T352482