Á espera da primavera
Quero que você entenda que o nosso amor é transcendente.
Que a vida nem sempre nos proporciona nossos caprichos quando lhe pedimos.
Peço-lhe que saiba esperar.
Que saiba contemplar as rosas e lembrar de como a natureza é perfeita;
E que por ser perfeita, conserva em si nossos corpos amantes e amados.
Mas que são apenas matéria... E o nosso amor deve estar além deles.
Quero que você perceba o vento tocar-lhe a face; e que saiba valorizar esses momentos de marasmo em que encontramos nosso eu.
Quero que saiba silenciar diante de minhas loucuras e que continue me mostrando como sou livre.
Quero poder contar com você quando sentir o mundo inteiro dentro de mim; e perceber como ele pode ser leve ou pesado...dependendo do tamanho de nossa sensibilidade.
Quero mostrar-lhe tudo que sei...mas sei tão pouco, e tão pouco consigo falar...
Torço, docinho querido, para que encontres a verdadeira felicidade,
Nos braços da verdadeira mulher, nos confins da realidade.
Nada adianta corremos, a estrada é maior do que imaginamos...e, mais que pressa, exige segurança, entendimento e amor.
Talvez nos perguntemos se é justo...separar dois amados tão amados.
Mas a resposta está tão óbvia, diante dos olhos da alma.
O amor é livre...ele nos torna suficientes até o reencontro fatal.
Quando não reconhecemos isso, passamos a buscar falsos amores, apoiados na fugacidade mundana.
Ele é livre como um pássaro, que precisa migrar, conhecer outros países durante o inverno.
Ele volta com milhares de experiências novas e com o vislumbre do mundo dentro de si.
Aprende a sentir saudade, a valorizar o lugar de onde emigrou, a ter a certeza de que um dia irá voltar...
Eu sei que te amo e que posso te amar.
Sei que você está em algum ponto...invernando.
Sei que, quando o inverno por aqui acabar, você estará de volta.
Eu serei sua primavera. Cheia de flores, de borboletas e de carinho.
Então viveremos um belo verão. O frescor da água límpida de nossas aspirações purificará nosso sentimento.
Até que o outono chegue... as flores caiam, e o doloroso inverno retorne.
Será o momento de recomeçar.