As quatro estações

Se está frio, vamos esquentarnos ao fogo...

que as chamas crepitam,

e não poderiam ser mais belas,meu bem.

Um pouco de frio e os corpos se buscam,

os corpos degustam um acender-se por fricção,

os corpos debruçam-se... um no outro...

em chamas que o se acendem no coração.

....

Se as folhas caem, não deixemos de amar-nos,

que o vento leva longe toda essa mágoa e rancor,

Se estão secas as folhas, deitemo-las ao chão

como um trapo velho, desbotado

que Madalena trajava antes de ganhar o perdão.

Vistamo-nos d'esperança e esperemos o nascer do sol.

Enquanto isso, os corpos despidos vestem-se de carícias

no desfolhar-se de amores em risco.

...

Se as as flores ressurgem, meu bem, é primavera.

Não precisamos escrever um poema sobre ela,

depois do cansaço sempre vem a recompensa

de esperarmos o nascer da vida, que já está em nós.

Por isso os corpos querem, interferem, bebem

da fonte de Afrodite, desnuda, só vestida de flores.

...

Mas quando tudo for chamas, descansemos da luta,

que é preciso amar e viver em intensidade.

Quando as brasas surgirem, contemplemos somente,

e nos queimemos às vezes... pra termos uma cicatriz

latente em nós, os que estamos vivos de amor.

E quando o calor sufocar, nos banhemos em versos,

uma poesia só nossa... movimento.

E os corpos livres, sentirão-se firmes

pra voltar a se amar quando o frio vier.