SEXTINA DO AMOR PERDIDO

Meu grande amor, eu não sei bem dizer

Quanto de vida, cheia da saudade,

Essa que levo longe dos teus beijos,

Posso aguentar ainda no futuro,

Da tua voz, dos teus olhos escuros,

Sinto essa falta, sombra de um adeus.

Tu foste embora, não disseste adeus

Mas a verdade, devo te dizer,

Mora em meu medo de quartos escuros,

Onde se escondem dores e saudade,

Os meus desejos, todos sem futuro

E todos tristes, vítimas sem beijos.

Como era fresco o hálito do beijo

Que tu me davas sempre ao nosso adeus.

Eu não sabia nada do futuro,

Talvez soubesse, só de ouvir dizer,

E se o passado deixa uma saudade,

Seu tempo veste apenas tons escuros.

Meus pesadelos, sonhos sempre escuros,

Trazem-me horror e a dor de falsos beijos,

Mas quando acabam, deixam-me saudade,

Pois dentro deles não existe adeus,

Essa palavra sempre por dizer,

Quando o presente já não tem futuro.

Semeio sonhos, verdes sem futuro,

Árvores tortas, de troncos escuros,

Simples espectros, posso até dizer,

Bocas vorazes, ávidas por beijos...

Fujo assustada, não cabe um adeus,

E desses campos não tenho saudade.

Essa tristeza, espelho da saudade,

Reflete em mim descrença no futuro,

Quiçá lembrança do mais triste adeus,

Depois em série, dias muito escuros,

Então sentir a fome dos teus beijos

E a boca, muda, o nome teu dizer.

Mister é te dizer que esta saudade

Relembra aqueles beijos sem futuro,

Nos lábios, hoje escuros, sobra o adeus.