Declaração de meu amor
De teu olhar já não deleito,
de teu tempo já não aproveito
e de teu rosto não mais vejo.
Será que a máscara do amor
desfaleceu-se de minha velha pele?
Pois creio que não,
pois creio que tudo o que proclamei
foram as maiores blasfêmias que falei.
Pois vivo de teu coração,
já que tua canção entoa-me
como nunca outra canção a de entoar em meu peito.
Tuas liras são mais belas,
tuas palavras mais pronunciadas
e teu riso é mais gostoso.
Sei que não sou proveito deste gozo,
que não sou teu dengoso,
mas o brilho dos teus olhos,
nas minhas naveganças noturnas,
motiva-me a felicidade alheia
e a doçura que banha o mar da minha vida.