FESTA
 
 
 
Na festa desta noite,
Adorarei ver-te risonha na imaginação,
Assomar-te no início da passarela
Num desfile sobre nuvens de algodão.

 
Na festa desta noite,
Chegarás num  vestido negro da minha coleção,
Enciumarás meus olhos
— Velhos cúmplices dessa solidão.

 
Na festa desta noite,
Terás nos lábios o rútilo carmim
Da juventude anunciada
Nos risos da noite — para mim.

 
Na festa desta noite,
Brindarás com champanha nosso louvor,
E a embriaguez inaugural
Virá denunciar-te meu barril de amor.

 
Na festa desta noite,
Aceitarás convite para a próxima dança.
E a volúpia sonora
Abrirá desejos de mulher e gracejos de criança.

 
Na festa desta noite,
Corpos se desnudarão ardentes e absortos
Entre sons e ritmos
Da alegria renascida e do passado morto.

 
Na festa desta noite
Virão na madrugada pesares e perigos:
— No teu leito verde, sonharás
O glamour da noite sem festejares comigo.



Poema integrante do livro "Outono Verde"

Milton Moreira
Enviado por Milton Moreira em 20/03/2012
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